sexta-feira, 4 de julho de 2008

Assassinato...

Todos os dias morre um amor. Quase nunca percebemos, mas todos os dias morre um amor. Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas, com direito a bate-bocas vexaminosos, capazes de acordar o mais surdo dos vizinhos. Morre em uma cama de motel ou em frente à televisão de domingo. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos, com gosto de lágrima nos lábios. Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, cartas cada vez mais concisas, beijos que esfriam aos poucos. Morre da mais completa e letal inanição.

...

Todos os dias um amor é assassinado. Com a adaga do tédio, a cicuta da indiferença, a forca do escárnio, a metralhadora da traição. A sacola de presentes devolvidos, os ponteiros tiquetaqueando no relógio, o silêncio insuportável depois de uma discussão: todo crime deixa evidências. Todos nós fomos assassinos um dia.

Texto: Alexandre Inagaki

4 comentários:

FULANA E SICRANA disse...

Olá!

Muito bom ganhar um recadinho seu!

Agora estou boa e pronta pra voltar aos textos e blá blá blás...

Adorei o texto e concordo plenamente, todos os dias morre um amor e todos os dias muitos amores começam também.

O amor é o único motivo por estarmos nesse mundo.

Abraços e volte sempre e sempre.

Fulana

Anônimo disse...

Passamos por momento parecidos.
Venha me fazer uma visita.
Inclui seu blog como um link no meu.
Espero que não se importe!
Muitas vezes, é trocando "figurinhas" sobre a dor é que faz com que ela seja branda.
Abraços
http://flaviameumundo.blogspot.com

Marsyah disse...

Olá! Obrigada pela visita no meu blog. Que bom que vc gostou do meu texto.

Quanto a este texto que esta no seu post, gosto muito, também tenho este texto e o leio sempre e tento não cometer estes erros.

Bjux!

Flávia disse...

Olá...
Vi seu comentário no meu blog, e não sabe como está sendo bom.
Já disse que falar do sentimento alivia a alma e faz que com o sofrimento diminua.
mas vc disse uma coisa que me chamou muita atenção, passei 6 anos do lado dele e tive planos pra uma vida toda. Não serão 12 meses que me farão esquecer, e que cada um tem seu tempo. O dele foram menos de 6 meses. É duro ter que admitir, mas é fato.
Seu blog tá ótimo.
Bjs
Flávia